As histórias e as muitas vidas que passaram por Oscar Henrique Cardoso.
Oscar Henrique Marques
Cardoso é gaúcho de Porto Alegre, RS. Nascido no dia 8 de dezembro de 1971, é formado
em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. É também radialista profissional e também
secretário da ONG Grupo Multiétnico de Empreendedores Sociais. É também mestre
de cerimônias e um chefe de família muito feliz. Casado com a jornalista Nilda
Corrêa Cardoso, é pai de Stefane e vô de Daniel, que chega para alegrar ainda
mais a sua vida. Oscar Henrique Cardoso já atuou como apresentador de rádio,
tevê, foi gerente de Comunicação Social na Fundação Cultural Palmares, em Brasília
e é autor de oito títulos. Seu último lançamento foi a obra “CHICO”, lançado na
61ª Feira do Livro de Porto Alegre. Em 2015, foi patrono da Feira do Livro de
Nova Santa Rita e também é o idealizador do Projeto “Primeiro Encontro de
Escritores Negros do Rio Grande do Sul”, evento que reuniu 400 participantes e
propõe um novo caminho para a produção literária negra no Rio Grande do Sul.
Dono de uma simpatia única, Oscar Henrique é um visionário, como dizem aqueles
que o conhece. Pensa no coletivo e pensa no desenvolvimento da literatura. É um
apaixonado pelo que faz. E ele conta um pouco mais sobre sua vida e trajetória
nesta entrevista:
- Como você virou um escritor?
Não sei se virei um
escritor. Desde criança, sempre escrevi. Tinha cadernos e cadernos com
histórias. Brincava de fazer novelas, de escrever textos e os interpretava
sozinho. Sempre foi um desejo meu escrever um livro. Aos 15 anos, participei de
um concurso de monografias e fui premiado. O ano era 1987 e fui o único aluno
de uma escola de Ensino Médio da rede pública gaúcha a ser classificado.
Participei do concurso de monografias sobre “As Raízes Portuguesas na História
do Rio Grande do Sul”, realizado pelo Instituto Cultural Português. Meu
trabalho, classificado no terceiro lugar tratava sobre “As Raízes Portuguesas
na História da Cidade de Rio Grande”. Meu primeiro livro, já em 2009, quando morava
em Florianópolis, versou sobre amizade. “NÓS”, minha primeira novela, falar
sobre amizade, doação de órgãos e eternidade. Desde 2010, não parei mais de
escrever. Aí vieram “Entre Louvores e Amores”, “Cuidado, Palavra Viva!”
“Coletânea Negras Palavras Gaúchas”, “Vó Cóia”, “A Pérola Mais Negra”,
“Prosopopeia” e, agora, “Chico”. São oito livros, oito histórias e oito momentos
completamente diferentes.
- Você tem muitos projetos na cabeça? Quer falar sobre
algum deles?
Projetos..sim, tenho
alguns. Trabalhar mais e melhor a divulgação de meus livros e continuar
escrevendo. Agora ando meio parado com a produção. Mas tenho outros três
títulos para lançar no ano que vem. Um deles, pretendo lançar em março. Trata
sobre preconceitos e sobre Aids. Será um livro bom, mas um livro forte. Quero
lançá-lo na Semana da Mulher, em março próximo.
- Você muda detalhes e textos depois que o livro está
escrito?
Às vezes mudo. Mudo um
capítulo, sim. Mas depois de ler toda a obra e ver que posso colocar mais um
molho ali e outro aqui. Mas digo que é difícil eu mudar detalhes. Fiz isto em
uma das minhas obras, mas não lembro agora qual foi.
- Quantas obras você já publicou? Comente sobre elas.
Meu primeiro livro, Nós,
lançado em 2010, fala sobre a história de dois ex-colegas de serviço que se
tornaram grandes amigos, melhor, irmãos de vida. Fala sobre amizade, doação de
órgãos e eternidade. Meu segundo livro, Entre Louvores e Amores, fala sobre a
indústria da fé e tem um lindo romance. Os protagonistas são cristãos e fala
dos valores e um pouco da cultura evangélica. Cuidado, Palavra Viva!,meu
terceiro livro, traz poesias e contos. Meu quarto projeto, a Coletânea Negras
Palavras Gaúchas, reuniu 23 autores negros e oportunizou a eles a palavra e a
reflexão sobre a negritude. Vó Cóia, meu quinto livro, fala sobre os temas
velhice e abandono, já que a personagem principal, Cóia, morre abandonada. A
Pérola Mais Negra, meu sexto livro, traz a história de Pérola, mulher negra,
quilombola, filha de santo que vira prefeita de uma cidade gaúcha e que
transforma a vida de seu povo. Prosopopeia, meu penúltimo livro, apresenta a
história do cão Boni e do gato Félix. Eles participam de uma assembleia de cães
e gatos e nestes encontros, os cães e gatos falam sobre abandono e violência
contra os animais. Já Chico, meu título mais recente, traz uma leitura
interessante sobre os Lanceiros Negros, pois Chico, lanceiro que morreu na
Batalha de Porongos, durante a Revolução Farroupilha, vem nos dias de hoje e
conta a sua vida e história para Chico, um
jovem advogado negro.
Todos os livros são como
filhos, todos os personagens são muito importantes para mim. Mas digo que tenho
um amor todo especial pela Pérola. A
protagonista de A Pérola Mais Negra, uma negra, forte, guerreira e vitoriosa. É
uma heroína. Mesmo que tenha existido apenas na ficção, digo que toda a negra,
toda a mulher negra tem um pouco dela. E inspirei-me muito nelas para construir
esta mulher forte. Esta heroína negra gaúcha. Já que nossos negros não são e
não foram heróis na história gaúcha, nós, escritores, criamos os heróis e os
ofertamos para a nossa história.
- Você se diverte muito com o seu trabalho?
Sim. Eu me emociono muito.
Choro, dou risada, brigo, sinto raiva e sofro com os meus protagonistas. Meus
protagonistas me dão muita alegria. É um prazer tê-los comigo. Depois que eles
vão embora e me deixam digo que dá um vazio. Mas faz parte. São vidas, são
histórias que passam por mim. São momentos meus, aliás, nossos. Eu e os
personagens que passam por mim.
- Uma mensagem final para a gente.
Publicidade
Nenhum comentário:
Postar um comentário